quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Monglóide


-Deitada naquela mesa sobre as luzes sombrias... Pode dar-me um momento, por favor?-suavemente retirou da sua mala um pincel para os olhos. A esponja continha sombra purpura. À qual usava no dia em que tudo aconteceu.- Um dos vários benefícios de ter filhos é saber que a sua juventude não fugiu, apenas foi passada para uma nova geração. Cuidadosamente abre a sua mala e o pincel retoma ao seu lugar. Uma extensa lágrima caí-lhe pela cana do nariz. Deu-se o lugar do pincel mais largo, cobriu as suas carnudas e pálidas faces com um pó rosado.- Dizem que quando o pai morre, a criança sente a sua própria mortalidade. Mas quando a criança morre,- pinta-lhe os lábios com um forte baton vermelho- é a imortalidade o que os pais perdem.
Olha para ti, querida. Minha filha querida! - subitamente dá-lhe o ultimo beijo maternal  ao o qual o baton perdeu ligeiramente a cor .
-Constance, lamento imenso...
-Deste-lhe coragem. Mas só estavas a tentar ser gentil, não é ? Fui eu que a mandou sair esta noite. E aconteceu o que teve que acontecer.

Tudo o que a Abby queria, era ser como todas as outras meninas bonitas .

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